Existem muitos escravos. Os fotógrafos são um exemplo. Muitos são escravos da sua própria máquina e reféns da técnica. Fotografam preocupados com os píxeis, com o sincronismo do Flash, com a velocidade do auto-focos ou com as dominantes.
Fotografam secundarizando a estética. O que vale uma fotografia, por mais bem sucedida que seja no plano técnico, se não nos belisca? Já olhei milhares de imagens. Já detestei ou ignorei muitas fotografias focadas e admirei ou me apaixonei por muitas fotografias desfocadas.
Fotografar é um acto de loucura. É brincar com um objecto a quem lhe chamaram de Máquina Fotográfica. É não pensar amedrontado no botão do lado mas arriscar toda a energia na interpretação do olhar, sempre diferente, tenaz e audaz. Sentir prazer e nunca ter a tentação de reproduzir a realidade.
A fotografia desmonta o real. A realidade em fotografia não existe. Existem milhares de realidades. As realidades da interpretação de cada um, que sente as mais variadas sensações ao ler uma imagem que o prende, que o domina. Boa, é aquela fotografia que não nos deixa dormir.
Até mesmo a fotografia do BI não mostra quem somos.

“O que vale uma fotografia, por mais bem sucedida que seja no plano técnico, se não nos belisca?”.
Na mouche!
Palavras sábias, muito mais vindas de quem vêm.
🙂
Que bom ver/ler este blog! 🙂
Nem mais, está tudo dito.
Subscrevo! 🙂
Então e quando é que voltas a dar aulas? 😉
Muito boa a nova imagem do blogue 🙂 Parabéns. Continuo a seguir tudo deste lado ;)vera moutinho
palavras sábias mesmo.
e as tuas fotos costumam beliscar-me 😉
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Por vezes esqueço-me que a fotografia de facto desmonta o real. Por vezes, tenho a sensação que ela ilude.
Isso é tudo tão verdade! No entanto, olho muitas vezes para o que faço e digo-me: deveria aprender mais técnica, deveria ter focado melhor, deveria ter…deveria ter….Não lhe acontece?