Importa esclarecer que só vejo a TVI quando tenho a sogra em casa.
Ao ver o Jornal Nacional o país ficou a saber que mais uma empresa fechou as portas de domingo para segunda. Nada de novo. Mais umas dezenas de trabalhadores para o desemprego compulsivo. Aqui também nada de novo.
Na reportagem realizada, a jornalista da TVI interpela uma trabalhadora que está junto ao portão da fábrica agora encerrada. Sente-se revoltada e sem certezas para o futuro. E é então que a jornalista lhe faz uma pergunta fantástica, Então está fora de questão trabalhar sem receber?
Meu deus, mas isto é pergunta que se faça? Não se faz a ninguém, muito menos a quem no início de mais uma semana de trabalho ficou com a corda na garganta colocada por patrões que são tudo menos Seres Humanos. E tão grave como a pergunta é que nem mesmo na edição da peça, ninguém teve o bom senso de cortar aquela vergonhosa e humilhante pergunta.
Será conveniente lembrar à jovem jornalista e ao seu editor, que a escravatura já foi abolida, e que no jornalismo de hoje existe uma regra, a de não humilhar nem ofender ninguém.
Tudo isto, é reflexo de uma sociedade que idolatra a palavra lucro, a mais- valia como lhe chamou Marx. A sociedade dos poderosos e dos humilhados cada vez mais desequilibrada, onde assalariados estão como o equilibrista do circo, nunca sabem quando chega a hora de cair.
Não gostava nada de ver a jovem jornalista no portão da TVI numa segunda-feira de manhã.

Até que concordo consigo em tudo.
A acrescentar, apenas o benefício da dúvida que dou à tal rapariga: não será ela daquelas jornalistas a fazer estágio e, portanto, a trabalhar sem receber?
Aí, se calhar, torna-se mais cabível e compreensível a ingenuidade (estupidez?!) da questão.
E sabe bem, a maior parte dos órgãos de comunicação social (e não só) fazem-no, usando e descartando os estagiários.