Quando comecei a estudar Fotografia nunca pensei em ser Fotojornalista. Assim como ser Fotógrafo foi por mero acidente de percurso, ser Fotojornalista foi outro acidente, este já próprio da vida sem a mesada dos pais.
Mas sou sincero, sonhava no banco da escola ou no laboratório fotográfico com as fotografias do Capa e do Korda. Parei de ler romances e pela noite dentro deixava-me surpreender a cada virar de página com as fotografias de grandes Fotógrafos. Sonhava e fotografava cada vez mais.
No fim do Curso baptizaram-me com o nome de Fotógrafo. Achava que não merecia tal título e ainda hoje acho. Por vezes faço as contas aos anos que carrego este título só para ver se chego aqueles números, os vinte ou os vinte e cinco, que as pessoas gostam de assinalar. Aos cinquenta já vai ser difícil e aos cem quem cá estiver que resolva. Mas gostava de fazer uma exposição retrospectiva, para sentir as palmadas nas costas e oferecer autógrafos a metro. Depois dos croquetes, encerrava-me sozinho, e embrulhado nas minhas Fotografias dizia para os meus botões, Grande merda Adriano.
Na sexta-feira estive doze horas à porta de um tribunal só para fotografar um famoso a entrar e a sair. Já perdi as horas e os dias que fiquei lá de plantão a fotografar arguidos, os tais famosos. E no meio de uma valente degustação a uma sandes de queijo que trouxe de casa, lembrei-me do Capa, do Korda e da merda que ando a fazer.
Continuo teimosamente a fotografar. Tenho um sonho oculto.









Ainda bem que existem fotojornalistas como tu! Fazem-nos olhar as realidades de outra forma. Continua a ser o principal crítico do teu trabalho.Um abraço
Já são poucos os que podem sequer sonhar com o Capa ou o Korda, Adriano. Não temos guerras para fotografar… Não podemos aspirar à “Mudança do Mundo” pela Fotografia… e muito dificilmente haverá uma imagem que possa alterar a mente de quem a possa observar. Mas a verdade é que o teu trabalho continua a ser tão ou mais importante que qualquer outro, e quer se queira quer não, a Fotografia faz-se para ficar à espera do merecido reconhecimento, que pode vir mais cedo ou mais tarde. Resta ao fotógrafo esperar, ou descobrir se quer dispor-se a esperar, para ver as suas imagens reconhecidas.
Ainda há pouco tempo li um texto, àcerca da reedição do livro “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”, que falava como os seus autores, na altura, esqueceram tudo o resto e passaram meses entre o laboratório que tinham em casa e as ruas de Lisboa para fotografar a cidade. Deu-me vontade de fazer o mesmo. Depois, passado 2 minutos, lembrei-me que tenho contas para pagar, e voltei à vidinha que levo todos os dias!
claro que podemos mudar o mundo pela fotografia.
com ela ou sem ela, so nao podemos se não acreditarmos!
ja dizia o senhor Gandhi: “You must be the change you wish to see in the world.”
por vezes também me pergunto,o que estou aqui a fazer? O que vale é que um pouco mais tarde fazemos algo que compensa o resto e que nos dá muita vontade de continuar. José Carlos: existem muitas “guerras” para fotografar o problema é que parece que ninguém quer saber delas, a imagem que revela o sofrimento e a degradação humana tornou-se tão banal que ,infelizmente já ninguém liga,somos cada vez mais individualistas e não nos preocupamos muito com os outros, mas acho que nem tudo está perdido e tenho alguma esperança no meio do desespero.
Avança com a exposição Adriano,rápido,vai em frente.Por favor.
Abraço
Gostaria de te convidar para partipar de uma rede de conteúdo, caso tenha interesse me adiciona no msn smatosjr@gmail.com ou me manda um email. Abs, Matos.
Fui teu aluno no Arco, já nos cruzamos anos depois, até acho que me “vendes-te” ovos moles num fim de semana de Setembro. Engraçado, até temos algumas coisas em comum, Sassoeiros, Mina de são Domingos, … depois perdi o teu contato. Da última vez que falámos tinhas regressado a Aveiro, Um GRANDE abraço para ti.