Descobri um simples museu do mineiro em São Pedro da Cova. Lá dentro, peças dispostas pelos quatro cantos de uma sala grande narram a história dos muitos que trabalharam na extracção do minério.
Numa mesa já com caruncho, fotografias tipo passe estão alinhadas e coladas a um grande cartão. Escrito à mão e por baixo de cada uma, o nome de cada operário ou operária. Olho nos olhos de cada retrato e sinto a tentação de saber que vida está por de trás de cada imagem. Como o sr. José, personagem do livro Todos os Nomes de José Saramago. Alucinado, obcecado. Como uma travagem repentina, os meus olhos param num rosto. Uma criança. E mais uma. E outra. E ali uma menina. Crianças operárias que não riam para a máquina fotográfica. Não iam à escola. Iam para as minas. Não brincavam. Trabalhavam.
Na SIC está a passar o segundo episódio da série A vida privada de Salazar. Senti vergonha.

branqueia-se a memória colectiva com a leveza dos tempos.
também sinto vergonha.
Sou neto de gente dessa, não nas minas mas na metalurgia. E que respeito e honra eu tenho ao afirmá-lo.
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Este espaço está bonito!
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