PSD

A Legitimidade do Tacho

Marques Mendes, do alto do púlpito da demagogia, gritou que Passos Coelho soube ouvir o povo ao retirar a TSU. Mendes quer a todo o custo remediar o que não tem conserto e tirar dividendos para o PSD daquela massa humana que dá pelo nome de Povo. Se Passos governasse para o Povo, nunca apresentaria tais medidas de austeridade. Passos, foi sim, obrigado a recuar…até segunda-feira. Passos Coelho e uma grande maioria do PSD e CDS têm uma visão muito estreita de Democracia. Para eles a Democracia esgota-se na urna. Mas Democracia vai para além do voto, e no dia 15 de setembro a resposta foi dada.

Bem pode Passos e Portas escudarem-se na legitimidade eleitoral e proclamarem a estabilidade governativa. Não há estabilidade em qualquer parte do mundo quando os direitos estreitam e a fome aumenta. Existe sim, por parte de Passos e Portas a estabilidade do tacho. E a memória por vezes é curta, mas todos nós nos lembramos o que Passos e Portas prometeram nas eleições. O contrário do que praticam. Em política a mentira é antagónica da legitimidade.

E como lobo vestido de coelho, veio agora Passos anunciar as alternativas à TSU. Alternativas do mesmo. Fez-me lembrar aqueles quatro velhotes que jogam à sueca e que são mestres na arte do macete. Baralham de forma a ficar tudo na mesma. Consigo mesmo imaginar uma suecada entre Passos, Portas, Gaspar e Relvas. Passos é batoteiro, Portas está sempre à espreita, Gaspar rouba nos pontos e Relvas não percebe as regras mas usará o popular jogo para uma qualquer equivalência.

Portugal não pode continuar agarrado a incompetentes, mentirosos, insensíveis e a jogadas de bastidores. Estamos à beira do fim. Venha a vassoura por favor.

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Rolha

Nos jantares de amigos e aficionados do bom vinho, discute-se por vezes as vantagens da rolha de cortiça e as desvantagens da rolha de plástico. Eu lá vou acompanhando a conversa o melhor que posso, pois de vinho não sei quase nada e de rolhas ainda menos.

Já aprendi que fica bem cheirar o vinho, e que é de bom-tom transformar o copo em Poço da Morte e fazer com que o líquido precioso gire a uma velocidade estonteante. De rolhas sei o elementar. São de cortiça e agora também de plástico. Que o rei da cortiça é o Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal que despede trabalhadores como quem muda de camisa. Também sei que a industria corticeira é a que mais baixos salários pratica e que mais discrimina as mulheres operárias ou colaboradoras como se diz agora.

Mas para espanto meu a grande conclusão do congresso do PSD deste fim-de-semana foi a aprovação da lei da rolha. E pelo meio até ouvi um Presidente de Câmara que discursava na arena laranja pedir vinho em vez de água. Também disse que se não fosse mentiroso nunca chegaria a Presidente. Desta vez não mentiu. Gargalhada geral de umas tantas carapuças.

Não fiquei nada surpreendido com o partido campeão em congressos. Não é que seja mais democrata que os outros. É porque simplesmente é o partido dos faquires, dos ilusionistas, dos domadores, dos malabaristas e dos contorcionistas. Os congressos do PSD são sempre verdadeiros circos produzidos e ensaiados por políticos de plástico.  

Rolhas? Só de cortiça e só para o vinho.

As Caravanas

Existem dias assim. As caravanas encontraram-se na rua de Santa Catarina no Porto. O meu cartão de memória ficou com 4G de bloco central. Não descansei enquanto não o formatei, não fosse algum vírus liquidar a sua memória.

O povo foi-se arrebanhando na praça. O rosa e o laranja. Apupos. Empurrões. Uma bandeira laranja espezinhada. Depois cuspida com saliva de raiva. Por fim incendiada. Vai pró caralho, Seu filho da puta, Rebento-te todo. Dois velhos frente a frente. Nariz com nariz. Um rosa outro laranja. Ambos de faces vermelhas. Calma, Calma a merda, Estiveram quatro anos a gamar.

Ai a cabra que me apertou o pescoço, PSD,PSD,PSD, Anda cá que eu fodo-te, PS,PS,PS, Olha já aí vem a Manuela, Manuelaaaaaaaaaa, Vai-te embora, Vitória, vitória. E Manuela quase não se segurava com tantos encontrões, beijinhos e criancinhas.

Sou PS,PS,PS gritava uma velha em cima de um banco de jardim. Não me empurrem merda, Cuidado, Calem essa velha. Manuela descia a rua com sorriso de frete e um homem gritou Queres é tacho. Manuela continuou até desaparecer.

Na praça os rosas acalmaram ao som da música do saxofone. Os famintos do saco de plástico e do porta-chaves não davam tréguas às jovens rosinhas. Camaradas, já está a chegar. José sai do carro e é logo atacado com abraços e beijos. PS,PS,PS, Vitória, vitória, Ai deixem-me tocar-lhe, Caralho de confusão, Abram, abram, Deixem-no passar. Seguranças fazem uso dos seus braços.

Vamos ganhar, caralho. José parece cansado mas ri para todos. Ergue o punho. Fecha os olhos. Um jovem fura entre velhos exaltados e grita Ladrão, estou desempregado. É afastado mas José ouviu. José continuou até desaparecer.

Um taxista abre o vidro e grita Querem é mama, são todos iguais.

Manuela e José são.

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