Pedro Passos Coelho

A Legitimidade do Tacho

Marques Mendes, do alto do púlpito da demagogia, gritou que Passos Coelho soube ouvir o povo ao retirar a TSU. Mendes quer a todo o custo remediar o que não tem conserto e tirar dividendos para o PSD daquela massa humana que dá pelo nome de Povo. Se Passos governasse para o Povo, nunca apresentaria tais medidas de austeridade. Passos, foi sim, obrigado a recuar…até segunda-feira. Passos Coelho e uma grande maioria do PSD e CDS têm uma visão muito estreita de Democracia. Para eles a Democracia esgota-se na urna. Mas Democracia vai para além do voto, e no dia 15 de setembro a resposta foi dada.

Bem pode Passos e Portas escudarem-se na legitimidade eleitoral e proclamarem a estabilidade governativa. Não há estabilidade em qualquer parte do mundo quando os direitos estreitam e a fome aumenta. Existe sim, por parte de Passos e Portas a estabilidade do tacho. E a memória por vezes é curta, mas todos nós nos lembramos o que Passos e Portas prometeram nas eleições. O contrário do que praticam. Em política a mentira é antagónica da legitimidade.

E como lobo vestido de coelho, veio agora Passos anunciar as alternativas à TSU. Alternativas do mesmo. Fez-me lembrar aqueles quatro velhotes que jogam à sueca e que são mestres na arte do macete. Baralham de forma a ficar tudo na mesma. Consigo mesmo imaginar uma suecada entre Passos, Portas, Gaspar e Relvas. Passos é batoteiro, Portas está sempre à espreita, Gaspar rouba nos pontos e Relvas não percebe as regras mas usará o popular jogo para uma qualquer equivalência.

Portugal não pode continuar agarrado a incompetentes, mentirosos, insensíveis e a jogadas de bastidores. Estamos à beira do fim. Venha a vassoura por favor.

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O Brilhante

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Crianças a passarem fome. Mulheres a recorrerem à prostituição. Desempregados a aumentar. Cortes nos salários e reformas. Fim dos subsídios de férias e Natal. Fim ou diminuição de apoios sociais. Aumento da criminalidade. Aumento de impostos. Aumento dos transportes. Eliminação de alguns transportes públicos. Saúde mais cara. Horas de trabalho não remunerado. Desespero. Miséria. Tudo isto se resume a pieguices para Passos Coelho. E o seu amigo de longa data, Miguel Relvas, gasta doze mil euros em cem livros para oferecer aos membros do governo. Cento e vinte euros que custou ao Estado cada livro para deleite de Ministros e Secretários de Estado.

Fiquei a imaginar o que farão os Ministros ao luxuoso livro com o Programa do Governo e o balanço dos cem primeiros dias. Mas não será suposto os governantes saberem já o Programa do Governo? Fiquei confuso, mas imagino o obediente Passos a oferecer o seu livro a Merkel. E também imagino Merkel a depositá-lo na primeira casa de banho que encontrar. Gaspar deve oferecer o seu à troika de joelhos e de mão bem estendida. Portas vai visitar os agricultores e as feiras ( no estrangeiro!) com o livro enterrado no sovaco direito. Pedro Mota Soares vai transformá-lo em Manual de Caridade. Assunção Cristas vai queimá-lo para aquecer o Ministério. Paulo Macedo vai transformá-lo em Bíblia e distribuir aos capelães dos hospitais. Crato vai criar mais um exame baseado no Grande Livro. Álvaro Santos Pereira vai embrulhar pastéis de Belém. Relvas, o Brilhante, oferece um a José Eduardo dos Santos e outro a Pedro Rosa Mendes.

Não sei quem são estes senhores e qual o seu currículo de vida para estarem ao leme de um país a naufragar. Só sei que cada vez mais merecem desprezo, e espero que um dia os piegas os lançem ao mar. Sem bóia. Relvas que se agarre ao livro como fez Camões. Só que Camões quis salvar os Lusíadas e Relvas e companhia querem salvar e governar somente a sua pele.

Desapareçam por favor.