Francisco Louçã

Iguais

Hoje podia ser um dia de festa. Sócrates foi embora. Mas, por estranho que pareça, não senti nenhuma alegria. Sei que agora vem aí o FMI. Sei que Passos escolheu o tempo certo. Não pensa no país mas em ser Primeiro-ministro. Portas aguça o dente a mais uma pasta ministerial. Talvez para comprar mais submarinos. E Jerónimo e Louçã por mais que preguem, e por vezes com muita razão, sabem que nunca se governará à esquerda em Portugal.

Passos Coelho é quinhentas vezes pior que Sócrates. Nunca fez nada por este país. Simplesmente (e já que ele falou em teatro), é o roberto dos grandes grupos económicos portugueses. Quer ser Primeiro-ministro para tornar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

Curioso, que ainda não fizera vinte e quatro horas que Sócrates bateu com a porta, já Passos se comporta como governante. Hoje de manhã já ouvi falar em subida de impostos. Ele que diga também que quer acabar com a escola pública, com os transportes públicos, com o Serviço Nacional de Saúde…

Passos, talvez gostasse de ser o Marcelo Caetano. Não eram necessárias eleições. Ou talvez como Manuel Ferreira Leite sugeriu, interromper a democracia por uns meses. Mas Passos Coelho e todos aqueles que esfregam as mãos para distribuir os tachos, não se esqueçam que o povo é que decide.

Hoje, quando fui abrir o frigorífico para tirar o leite para o pequeno-almoço, reparei num gráfico que o meu filho João colou na porta. Se com o PS foi a desgraça que conhecemos, com o PSD tivemos outras desgraças e teremos muito mais. Se aqui chegámos, bem no fundo, os responsáveis são PS e PSD que sempre nos desgovernaram.

Uma das grandes tomadas de consciência da manifestação Geração à Rasca, é que as pessoas percebem agora que PS e PSD são a mesma coisa. São os responsáveis por tudo isto.

No dia das eleições é favor não esquecer!

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A Onda no Arame

Nestes quatro mil quilómetros que fiz atrás e por vezes à frente de Manuel Alegre, assisti a vinte e seis discursos de Alegre. Treze em almoços, dois em jantares e onze em comícios.

Quase sempre me pareceu estar a assistir a um espectáculo de circo. Os Bloquistas eram os malabaristas. Os Socialistas os ilusionistas. Alegre o homem do arame.

O Bloco deixou de atacar o governo PS. Se um extraterrestre cai-se na arena pensaria que quem governava era o PSD e Cavaco.

 Os socialistas continuaram a vender ilusões.

Alegre esforçava-se para não cair. Agarrou-se ao perigo do FMI. Não explicou é que se o FMI entrar em Portugal é por culpa do seu camarada e apoiante Sócrates. Falou na esquerda como se o seu governo praticasse políticas de esquerda. Falou nos males dos mercados como se os seus camaradas socialistas do governo não alinhassem nas especulações dos mercados. Falou da protecção do estado social como se Sócrates não o estivesse a destruir. O Bloco aplaudia.

Domingo será melhor colocarem a rede por baixo do arame.

Nos dois comícios com a presença de José Sócrates, os Bloquistas não tiveram direito a subirem ao palco.