
Quando era adolescente queria ser arqueólogo. Falhada a ideia tornei-me fotógrafo. Mas para quem adora História e histórias, e preserva tanto a memória, ser fotógrafo, afinal, é também ser arqueólogo. E naquela tarde de domingo húmido e frio, a memória de quatro paredes pintadas de cor de vinho, recebeu a bênção de um presente inquietante mas acolhedor e juntou amigos.
Adriana Morais, José Carlos Carvalho, José Manuel Ribeiro, Lara Jacinto, Nuno Fox, Ricardo Meireles, Rodrigo Cabrita e eu, ocupámos uma adega e comemos sopa de peixe, rojões, papas de abóbora e ovos moles, sempre bem regados ou o sítio não fosse em tempos uma boa maternidade do líquido de Baco. Mas mais ou tão importante que aconchegar o estômago, foi a liberdade de pensamento que a todos alimentou a alma. Falámos de Fotografia como seria óbvio.
Naquela adega a caminho dos cem anos, o vinho já não jorra. Jorra agora a tal memória. E é memória que nós vamos agora produzir. Brevemente ouvirão falar de nós.
[Por razões de distância e trabalho, não compareceram à chamada os camaradas Duarte Sá, Vasco Célio, Nuno Veiga e José António Rodrigues. Obrigado a Maria Emília pelo almoço RAW]
Fotografia de José Carlos Carvalho