
Depois de ouvir as notícias da uma, fui atestar o depósito de gasóleo. Confesso que já não o fazia à muito. Somente por uma questão psicológica. Prefiro ir mil vezes à bomba e abastecer vinte e cinco euros, do que deixar logo de uma só vez oitenta euros. No fim, vai dar tudo ao mesmo para minha infelicidade.
Claro que não sou camionista, mas só Deus sabe se não é esse o futuro que me tem reservado. Mas tudo isto para dizer, que estava metido numa fila infernal na bomba mais barata da região. Pessoas a discutirem porque há sempre os chicos espertos que têm manifesta alergia à espera, outras a buzinar e tantas outras a gesticular. Confesso, que no início senti a inutilidade do comprimido que tomo todas as manhãs para a tensão arterial. Mas depois, comecei a rir-me sozinho. Um rir nervoso porque isto não está para brincadeiras. Parecia que estava num filme. Numa cena, num qualquer país do terceiro mundo. Mas será que em muita coisa não estamos?
Depois de Cavaco Silva abrir a campanha eleitoral ao PSD no seu absurdo discurso de tomada de posse, vem agora Passos em passos de lebre, provocar a crise política porque as sondagens lhe são favoráveis. Passos nunca aprovou nenhum PEC. Passos nunca deu o aval a nenhum Orçamento de Estado. Passos até aprovou as duas Moções de Censura. Passos nem era do PSD durante os anos, e foram muitos, que o PSD governou Portugal. Passos quer parecer o salvador. Só não diz de quem vai ser. Mas nós já sabemos. Porque Passos pertence ao mesmo filme que Sócrates. Ambos contracenam nesta já longa-metragem, “PS e PSD, os irmãos Metralha”. Um filme gasto com a fita quase a arder.
E nós cá estamos, sentados na plateia num qualquer cinema do terceiro mundo. Já basta de tanta pipoca amarga.
Que arda a fita para nos tirar desta fita.