Cartas de Amor

O Bispo Valentim celebrava casamentos. Um dia celebrou o seu. Secretamente. O Imperador Cláudio II descobriu. Valentim foi condenado à morte. Enquanto esperava no degredo o seu dia fatal, Valentim apaixonou-se pela filha de um carcereiro. Era cega e Valentim devolveu-lhe a visão. Realizou um milagre. Valentim só não conseguiu evitar a sua morte a catorze de fevereiro, e antes de lhe colocarem a corda no pescoço ou o pescoço no tronco, Valentim ainda teve tempo para escrever à sua amada. Finalizou assinando Seu namorado.

Ainda me lembro quando também escrevia cartas de amor. Claro que nunca tive a cabeça a prémio, apesar de hoje saber que talvez o tivesse merecido várias vezes. Mas também nunca consegui realizar nenhum milagre. Felizmente não sou Santo, e para estas coisas do amor até dá jeito. Voltando às cartas, estão todas guardadas. Obviamente, as que recebi. Só de um amor foram mais de cem. Dos outros, a quantidade diminuiu consideravelmente. Acho eu que foi da maturidade. Sei lá.

O que é certo, é que quem me acabou por enforcar (no belo sentido do termo e acto) foi quem quase nunca me escreveu. E hoje, porque só temos uma chave do correio, quando me manda (manda mesmo!) ver a correspondência, lá estão as cartas de amor destes tempos. Da EDP, do BES, da PT, do SMAS, da TMN, das Finanças e de todas aquelas entidades que por nós nutrem um carinho especial.

Sei que os meus dois filhos nunca escreverão cartas de amor. Têm os telemóveis, os emails, os Facebook e sem lá o que por aí virá. Por isso, um dia vou abrir a gaveta e mostrar-lhes as minhas cartas de amor. Podem até fazer PDF e depois copiarem umas frases para enviarem à namorada. Não farão milagres mas sucesso irão ter.

 Um beijo Paula.

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2 comments

  1. Nunca consegui comproter-me muito com as palavras, defeito, feitio não sei!Sou de afectos e gestos, para mim valem mais do que palavras. gosto de os utilizar com frequência para mostrar de quem gosto.
    Com AMOR Paula

  2. Ai que lindo, que lindo, que lindoo!!

    E é tão bonito que depois de tantas cartas, de tanto amor, o destino te tenha levado para um outro lado. De onde não vinham cartas, ou poucas, e as que pudesses mandar talvez demorassem a chegar. Ainda não havia IP para aqueles lados 🙂

    E é tão lindo ver-vos aos mimos, e às turras, e aos meus priminhos tao liiindos!
    E que namorem, sempre!

    E, gosto muito de vocês! 🙂

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