É a primeira vez que edito no 400asas uma fotografia que não é da minha autoria. Não pela triste atitude do ex-ministro Manuel Pinho, mas pelo brilhante profissionalismo de Nuno Ferreira Santos.
Nuno é meu colega no jornal Público. Foi o único fotojornalista presente no hemiciclo a conseguir fotografar o acto mais triste de Pinho. Todos os outros falharam.
Mas Nuno não se limitou a dar-nos o prazer de ver a sua fotografia. Todas as imagens do destaque do Público [03.07.09] sobre o estado da nação são de uma acutilância extraordinária. Os deputados a verem a fotografia de Nuno na edição on-line do Público. A outra, Sócrates no centro e o Ministro das Finanças de um lado e do outro uma cadeira vazia.
Isto tem um nome, Fotojornalismo. Nuno soube interpretar na perfeição tudo o que se passou naquela sala do parlamento. Atento, astuto, informado, inteligente e rápido. E porque as tecnologias são para se usar, admito o prazer que Nuno sentiu nas bancadas da Assembleia ao fotografar os deputados a verem a fotografia que acabara de fazer. Uma fotografia checkmate. Uma fotografia de morte.
Confesso que senti alegria como colega de Nuno e como fotojornalista do Público. O meu jornal, meu porque gosto demasiado dele, brilhou como sempre nos habituou. Na Fotografia do Público existe uma regra como o sangue que nos corre nas veias. Temos que ser bons e melhores que os outros. Nuno Ferreira Santos foi e com ele fomos todos nós.
E em tempos de crise em que o papel do fotojornalista está seriamente ameaçado dentro das redacções dos jornais, será bom que quem manda, aprenda com os êxitos e perceba que a linguagem fotográfica é imprescindível na força que é informar. Por mais engenharia financeira que se faça para reduzir custos despedindo fotojornalistas, com a ideia medíocre que fotografar qualquer um faz, nada vai valer a pena. O maior custo será a falta de qualidade e notoriedade, a perda de identidade editorial e o definhamento de leitores.
Nuno demonstrou sabiamente que o caminho não é por aí.
Obrigado.

Antes de mais, parabéns ao fotojornalista Nuno Ferreira Santos. Ser o único, não sendo fundamental, marca com certeza o trabalho e enriquece-o.
Em segundo lugar, O Público é de facto o melhor jornal português, nomeadamente ao nível da fotografia. É o mais arrojado, mas não é por aí que marca a diferença. O Público é o jornal que interpreta melhor o que deve ser um fotojornalista. Se há um jornal em Portugal onde a frase “Uma imagem vale mais que mil palavras” pode ser aplicada, esse jornal é o vosso.
Por último, o Adriano foi meu professor no AR.CO em 00/01. Marcou-me bastante e tenho desde aí acompanhado o seu trabalho. Gosto muito mesmo. Foi há pouco tempo que descobri este blog e ainda bem que o descobri.
Parabéns pelo seu trabalho(isto vale o que vale).
E tu a passear pelo México e Navarra, “ganda” fotojornalista me saíste.
imagino o prazer que deve ter sido o pós-foto, o ver os outros dois a ver aquela imagem pouco tempo depois. a velocidade com que a informação corre hoje em dia é assustadora.
tenho de deixar aqui escrito que me dá um gozo particular ver as fotos que se vão fazendo aos políticos deste país. escolhidas a dedo, todas.. ou se calhar são eles que são escolhidos a dedo!
a foto do primeiro-min nessa mesma edição do jornal é de guardar no bolso também.
parabéns pelo blog.
solidariedade pela causa… pela importância suprema da fotografia nos dias que correm, nos dias de sempre.
vinte valores, também para ti adriano.
abraços.
É pena que o Prémio Visão/BES para o Fotojornalismo não exista este ano. Era uma boa candidata ao título, esta imagem.
Verdade bem verdadeira Adriano! Mais um post com um texto e fotografia fantástico. Continua a ser um prazer vir aqui.
Abraço