O Rio Alviela transbordou repentinamente. Luís Filipe Sebastião, meu colega redactor, chorava e tremia ao volante do seu velho Peugeot. A água estava quase a imobilizar o carro. Gritava-lhe, com a porta aberta para ver o nível da água a subir, “Dá acelerador e embraiagem ao mesmo tempo”.De repente, centenas de ovelhas atravessaram-se no nosso caminho. Estavam a morrer afogadas. Os pastores sofriam. Saltei do carro e deixei o Sebastião a chorar. Fotografei até a água me dar pela cintura. Por fim, ajudei a salvar ovelhas.Fiz uma das minhas primeiras páginas. Fiquei feliz. Pela manhã agarrei o Público com afinco. Esqueceram-se de assinar a fotografia!Ainda cá estou!
ADRIANO MIRANDA
