Muito gostam os nossos governantes de cerimónias. Além dos concorridos croquetes, aparecem sempre imensos bacalhaus coloridos, enforcados em colarinhos engomados que embelezam o fato sempre escuro. Em redor do governante, estão sempre as forças vivas da sociedade, prontas para dar e receber as tradicionais palmadinhas nas costas e as pautadas palmas depois do bláblá, mesmo que se tenha fechado os olhos ou se tenha enviado uma dúzia de sms.
Franscisco Nunes Correia foi ver por um bocadinho, o derrube de um bar de praia que comia as dunas primárias e era um verdadeiro monumento ao contraplacado. Depois de a máquina começar a partir a velha estrutura e logo parar quando o ministro deu de costas, Nunes Correia fez o seu bláblá debaixo de um sol abrasador. A cerimónia demorou perto de uma hora e o Lexus do ministro e o BMW do secretário de estado estiveram sempre a obstruir a faixa de rodagem, retirando visibilidade aos peões que queriam atravessar na passadeira. Tudo isto bem guardado por dois polícias municipais.
Mas, qual o espanto, as duas bombas estiveram sempre com os motores ligados. Ao preço que estão os combustíveis seria aconselhável desligar os veículos. Depois, sempre era menos uma hora de emissões de CO2. Afinal, não é Francisco Nunes Correia ministro do ambiente?