O olhar por vezes perturba-se. Indigna-se com os bairros podres, com as seringas do Aleixo ou com os ciganos do Bacelo. Chocam os que dormem na rua e os que pedem esmola na esquina da Bolsa. Do outro lado do rio olhamos o casario e podemos facilmente imaginar que o Porto vive doente, muito doente.
Durante meses vi ruas a serem cercadas por rede metálica. Estranho cenário. Perguntei a um taxista para quê tanto metro de arame ao qual me explicou que era para as corridas da Boavista. O Mercedes continuou a rolar a toda a velocidade e o meu olhar fixou uma mulher curva, suja e triste.
Para que serve tanto arame?
Subtil…!
Alguém teve uma infância muito triste e portanto como não podia brincar com carrinhos à escala na altura, diverte-se a transtornar meia cidade para ter o seu circo “privée” de carrinhos a sério.
Mas diz a populaça que a cidade está melhor e tem estes eventos importantes, e portanto desde que a populaça esteja feliz e contente, a caravana passa…