Ontem ao chegar a casa dei de caras com um helicópetro a rasar o meu telhado. O fogo andava por lá perto.
Hoje as chamas voltaram em força. Rebentaram em três ou quatro pontos diferentes como que jogando ao gato e ao rato com os bombeiros.
Fui para a rua fotografar a meio de um telefonema para o jornal. Lá ainda ninguém sabia de nada…
Centenas de pessoas estavam nas ruas. Finalmente tinham algo para fazer num domingo de calor. Homens de barriga e de xanato dos trezentos e mulheres com o gemidinho e a lágrima fingida, não se cansavam de dar palpites aos bombeiros chamando-lhes, entre dentes, burros ou imcompetentes. Não sabia que nos incêndios também existiam os treinadores de bancada mas existem e aos montes.
As fábricas estavam a ser ameaçadas e algumas “vivendas palácio” também. E o sindroma do muro, tão típico do português, lá estava para estragar a festa. Todos nós sabemos como o português gosta de muros e alguns até bem altos. Lá dentro até pode estar o jardim da moda alcatifado a relva e espetado com palmeiras. Mas do muro para fora que se lixe, “não é meu”. E então, mesmo encostado ao muro, está o saco de plástico ou a lata da coca-cola, o pinheiro ou o eucalipto, as silvas ou a relva seca do último corte.
Para o fogo não há muros mesmo num país de treinadores bem inteligentes.
subscrevo cada palavra. só quem não esteve perto de um fogo ou viu como é que as pessoas reagem é que pensa que são dramas. alguns sim, serão dramas humanos de pessoas que vêm o pouco que tem desaparecer… outros é mais o umbigo…
Quem é o arbitro deste fogo, pergunto?
Grande abraço mestre Adri
” Finalmente tinham algo para fazer num domingo de calor ” – isto lido assim, parece até que é a mesma coisa que ir ao estádio da luz…
Infelizmente já se aceitou a epoca dos incendios, como mais uma estação do ano.